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Marketing de conteúdo: é bom pra você?

“Um bom conteúdo tem sempre a ver com relevância, e encontrar relevância é um talento a desenvolver.”

Ricardo Daumas, sócio-diretor da SOLU9.com

 

Eu sempre gostei de cozinhar, desde muito jovem. Talvez porque sempre gostasse de comer também, e por ter crescido numa família de cozinheiras, e doceiras. Lia muito, de tudo, e uma lembrança remota de leitura eram as latas de leite condensado e sacos de açúcar que vinham com receitas detalhadas e colecionáveis, minha mãe tinha um caderno recheado delas, e eu ajudava a preenchê-lo sempre, com novos itens retirados das embalagens.


O Marketing de Conteúdo não é uma prática nova aliás, nada é novo. As formas podem ser novas, as mídias mudaram, mas a ideia de envolver o consumidor num universo de interesses comuns, e fazer do seu produto ou serviço uma referência primária sempre existiu, e evoluiu. O desafio é encontrar esse ponto de convergência onde você com a sua oferta e o consumidor com os seus desejos e necessidades vão se encontrar, e compartilhar o mesmo repertório. Parece fácil, mas num mundo com cada vez mais oferta de informação e dispersão de atenção, pode não ser tão simples.


O comprometimento é um caminho de mão dupla.


A ideia desse compartilhamento de interesses parece óbvia para o sucesso de uma estratégia, pois, se eu contribuo e me destaco no seu mundo, ocupo um espaço maior na sua vida e aumento minhas chances de ser lembrado numa oportunidade de consumo. Além disso, se eu promovo e mantenho um circuito de atividades correlatas, amplio o seu envolvimento, me posiciono como referência e facilito o seu acesso. Bingo! Eu faço cada vez mais parte da sua vida, consegui sua atenção e preferência. Em contrapartida, suas expectativas cresceram também com relação à minha entrega, e eu tenho que corresponder. Nada é de graça, vai exigir meu empenho, mas é um investimento que costuma valer a pena.


Anos depois dos rótulos guardados nas gavetas da família eu me vi redator publicitário, e trabalhando no texto final de uma coleção de livros de receita mantida pela mesma marca (pura coincidência...), e era um sucesso. Combinavam uma promoção comercial ao valioso conteúdo, troca de embalagens por cada um dos livrinhos, muito bem editados por sinal (ainda os tenho guardados em algum lugar...). É uma estratégia que sempre recomendo. Uma ação promocional é melhor, mais efetiva, quando se remete à natureza do produto, acrescentando valor à marca, fortalecendo os vínculos. A surpresa, porém, veio na interação com o público. Num tempo pré-internet o acesso era mais difícil, mas tivemos que providenciar às pressas um pequeno time de atendimento ao cliente para responder às cartas e mesmo aos telefonemas que pipocavam em todos os cantos da empresa. O público leva a sério as suas promessas, e mais ainda quando você estabelece uma relação de confiança, e essa foi uma lição para várias experiências posteriores, em outras empresas. Pratiquei muito.


É comum ouvir dos especialistas que o consumidor de hoje é pouco fiel, vai atrás de oportunidades sem se importar com a marca, mas isso não é para se levar ao pé da letra. Pense nas grandes e admiradas marcas do mercado, e veja o quanto elas se beneficiam de manter a continuidade de suas promessas, e estabelecer uma relação estreita entre suas campanhas e suas atitudes, suas entregas. Se o seu produto não tem uma história para contar, não estabelece uma relação relevante com o universo do público aí sim, você vai competir em campo aberto com qualquer outro, e o preço e a oportunidade do consumo promovido vão ter um peso maior na decisão de compra. As vendas serão mais voláteis e dependentes de contínuo investimento em promoção para manter o desempenho. Chances reduzidas de vendas espontâneas e buscas orgânicas. Quanto mais frágil a sua identidade, qualidade, valores, menos relevante será a lembrança da sua existência, uma equação simples, e efetiva.


Uma história verdadeira é uma história que vale a pena.


Estamos cada vez mais envolvidos com os algoritmos, Inteligência artificial, mídias programáticas e análises preditivas que escolhem para o consumidor o que ele deve ver e propõe às empresas onde e com quem elas devem interagir, tudo baseado em análises cruzadas de bancos de dados de comportamento, navegação e consumo. É fundamental que isso faça parte do repertório de recursos da marca, principalmente para encontrar e propor ofertas a um novo consumidor, resgatar os indecisos, mas custa caro, cada vez mais. Não resolve tudo e vai te levar ao mesmo campo de batalha onde estão todos os seus concorrentes, pois todos terão acesso a recursos semelhantes. Por outro lado, se você tem uma boa história pra contar, invista nisso, pois não há como se apropriar do seu atendimento, da qualidade do que faz e como faz, da sua especialização e da sua a visão de como ampliar as possibilidades na vida do seu público. São a sua identidade, única e exclusiva. Desenvolva essas habilidades, e as compartilhe, ofereça o que tem e o que sabe como parte do seu produto, e se aproprie disso, assuma essas qualidades como suas, e do seu produto. O retorno pode parecer um pouco mais lento, gradual, mas será consistente, persistente e recompensador.


Um exemplo de excelência.


Conheci a REI (https://www.rei.com/adventures/t/new) faz uns 10 anos, uma rede norte-americana de artigos esportivos para quase todas as modalidades, mas muito boa em esportes de aventura, alpinismo, snowboard, mergulho. Me surpreendi com as instalações e com os serviços prestados pelo e-commerce, excelentes para aquele tempo, logística integrada, mas a melhor compreensão tive do vendedor na loja física, que me apresentou ao próprio site da loja e um aplicativo que indicava os melhores pontos de esqui e densidade da neve (???) para os períodos vindouros, e a explicação era simples: “os melhores atletas profissionais estão conosco, e estamos conectados com as estações também. Nós vivemos o que vendemos”, concluiu ele com indisfarçável orgulho. Eles não precisavam de muita propaganda e nem de algoritmos para chegar ao seu público, pois eles eram (e são..) a melhor referência e a melhor fonte de consulta e serviços naquilo que oferecem. É fácil de entender.


O Marketing de conteúdo e as estratégias de “storytelling” são uma realidade, mas só para que entende o que é importante para o seu público, se empenha pela qualidade do que oferece, e tem alguma coisa relevante a dizer. Invista nisso. Uma história bem vivida é sempre boa de ouvir, merece ser compartilhada, e deixa boas lembranças. Isso é tudo que nós queremos, concordam?

Boa páscoa para vocês gente....


Ricardo Daumas


@ser.mais.sustentavel

@halimites.sustentabilidade



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