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O passado que foi ontem....

  • Ricardo Daumas-SOLU9.com
  • 10 de mai. de 2019
  • 4 min de leitura

“Eu me refiro com frequência aqui nesse espaço a temas que estão relacionados à inovação, e aos desafios da Nova economia, mas é bom estar ciente de que o desafio está em nós, e por isso fiz dessa reflexão o nosso tema dessa oportunidade.”

Ricardo Daumas – SOLU9.com

Ontem eu revi, em partes, “Steve Jobs”, a vida do cara na versão do Danny Boyle. Não sei se é a mais legítima, mas como filme acho a melhor. Aquela outra com o Ashton K. é meio chatinha e previsível. Ainda temos um documentário (O Homem e a máquina) que é bom, mas outra pegada. Fala mais das pessoas do que dele ou da Apple em si.

Dá uma sensação estranha ver esse filme. Ele parece uma coisa muuuito velha, antiga pra caramba. Se passar na Califórnia contribui um pouco com essa sensação, com um monte de gente com cara de nerd e hippies, eternamente, mas a sensação mesmo é que entramos num acelerador do tempo. Me lembro como hoje mas foi em 2000, 2001 (sim, esse século, esse milênio..). Trabalhava na Abril já com mídia digital, éramos uns evangelistas, e eu visitava uma agência de publicidade, dessas grandes e bacanudas. Estava lá para fazer uma apresentação e explicar um pouco pra eles como funcionava a publicidade na internet (juro por Zeus..), mas tinha que ter muita habilidade para não ofender ninguém pois a essa altura eles já deveriam ser bons nisso. Apesar desse anacronismo todo eles tinham na ponta da língua o discurso da modernidade digital, com um repertório bem limitado. Fazia parte disso mobiliário e equipamentos modernos, que podia incluir de máquinas de refrigerante até cafeteiras daquelas dos Jetsons , mas nesse dia cheguei e me surpreendi com um totem com quatro “coisas” no meio da recepção, com o formato de um monitor daqueles no balcão da Varig, e carcaças coloridas em tons de drops Dulcora (se você tem menos de 30 pesquise Varig e Dulcora no google..). Quase nem acreditei. Eram 4 Mac G3, uma coisa que só havia visto em revistas te tecnologia até então (sim, naquele tempo a gente sabia das coisas pelas revistas, pesquise “revista” no google também...). Eu literalmente babei. Não me considero consumista, mas fiquei me imaginando com um daqueles em casa. Coisa linda....cafona, mas linda.

Turning point

Esse, na minha visão, foi o ponto de virada da Apple. Não os Macintosh, não o IPOD nem o Iphone, mas essa materialização da visão de funcionalidade intuitiva e eficiência inserida num conceito estético familiar, e transformado em objeto de desejo. Daí não parou mais. 2 ou 3 anos depois vieram os Ipods, Ipads e toda ordem de “Is” cabível e descabida, mas meu ponto não é esse, e sim como isso tudo virou um passado distante, muito rápido. Os G3 viraram um nada, qualquer celular de camelô tem mais capacidade de processamento e memória. A Apple se manteve como um ícone de contemporaneidade, mas outras marcas surgiram, e surgem a cada dia. A tecnologia ainda nos seduz, mas não nos surpreende mais. Virou rotina a superação de recursos e funcionalidades, esperamos por isso, por coisas que nem sabemos que são possíveis, nem pra que servem, e se precisamos delas. A história de Jobs em si também me causa sensações estranhas, confusas. Genialidade e truculência, uma mente brilhante, capaz de transformar os hábitos e acelerar o relógio do tempo mas encapsulada numa vida pessoal desastrosa, onde aparentemente só havia espaço para seus sonhos, todo o resto estava a serviço disso. Isso tudo no espaço de tempo de uma geração, no máximo meia vida, e com final determinado pelos bugs ainda indomáveis do corpo humano. Só pode ser um recado irônico do universo.

Já faz uns 10 anos que o G3 é uma peça de museu, vintage, deve ser um recorde de apodrecimento de valor histórico. Faz 8 anos que Jobs morreu, e desconhecidos depositaram ramalhetes à porta das Apple store em todo mundo. Faz 4 meses que eu troquei meu smartphone por um recém lançado, top de linha, e ele já não tem funcionalidades usuais. Hoje anunciaram o fechamento da loja eletrônica do Walmart no Brasil, ícone de eficiência e performance comercial. Esta semana fiquei sabendo que a agência de publicidade de um amigo, de bom pedigree, está para fechar. As editoras, e as revistas, ainda não acabaram, mas tá quase. Tá rápido demais.

Eu me refiro com frequência aqui nesse espaço a temas que estão relacionados à inovação, e aos desafios da Nova economia, mas é bom estar ciente de que o desafio está em nós, e por isso fiz dessa reflexão o nosso tema dessa oportunidade. Eu me preparo todos os dias para lidar com esse tempo em que eu nasci, e vivo, e reconheço isso como um talento fundamental à sobreviver e , mais que isso, viver com qualidade. Somos mutantes e ninguém nos avisou. Viva Steve Jobs. Viva cada um de nós.

Feliz dia das mães pessoal, e inovem. Nada de dar uma panela de pressão de presente.....

Um abraço,

Ricardo Daumas

SOLU9.com


 
 
 

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