5 coisas para aprender numa feira de e-commerce
- Ricardo Daumas
- 23 de ago. de 2018
- 7 min de leitura

Semana passada tivemos mais uma edição do Fórum E-commerce Brasil , evento realizado desde 2010 em São Paulo, e que seguramente é o mais relevante e maior evento dirigido ao segmento neste país (https://www.ecommercebrasil.com.br/ ). Minha sensação é que está a cada ano maior e mais bem organizado, crescendo em proporção talvez até mais rapidamente que o pródigo mercado virtual. Fornecedores de todos os tipos (e todos os portes...) de produtos e serviços marcam sua presença, que conta também com uma programação de palestras apropriadamente dividas em 4 auditórios principais: Gestão, Pequenos negócios, Tecnologia e Vendas, além de outros fóruns menores de expositores e temas específicos.
O público é visivelmente diversificado: estudantes, pequenos empresários, empreendedores, funcionários de grande e médias empresas dos mais variados segmentos, e um monte de gente curiosa também. Os serviços são bons, informação, sanitários, conforto para pequenos encontros, alimentação, tudo muito bem organizado, mas a oferta de informação é imensa. É sem dúvida um ponto de encontro para quem está no mercado ou quer participar dele, e uma base importante para entender as possibilidades e tendências, mas há de se fazer escolhas. Um recém-chegado, jogado ali no meio querendo entender como montar uma operação de e-commerce na sua empresa, por exemplo, vai ficar perdido, e esse é certamente um caso comum neste evento. Apesar das ofertas de facilidade, o comércio eletrônico não é a fórmula pronta que prometem ser, e a maioria das empresas comete esse erro, entrar no jogo sem se preparar para ele.
O objetivo desse artigo não é dar um caminho certeiro para quem quer adentrar ou mesmo evoluir no segmento, isso seria leviano. O ecossistema que compões uma operação de e-commerce é composto de dezenas de fornecedores de diferentes tecnologias e serviços, cada um com outras dezenas (por vezes centenas..) de empresas e ofertas para cada uma delas. Essas ofertas interagem para a formatação da solução adequada a cada caso, e o resultado é um aglomerado de possibilidades que dificilmente se repete, mesmo dentro do próprio segmento: plataformas de vendas on line, ERP, CRM, mensagens, meios de pagamentos (adquirentes, sub-adquirentes) antifraudes, publicadores de resenhas, mídia, editores de texto e imagem, logística etc etc....uma lista sem fim a ser contratada e gerida com competência pelos profissionais que, mesmo com familiaridade e experiência, não conseguem acompanhar as novidades em tempo real sem ajuda. Se alguém nesse mercado te disser que sabe tudo, duvide.
O que ver e o que não ver.
O roteiro ideal não existe, vai depender do momento de vida de cada um, seu e da sua empresa. Mas acho que podemos organizar alguns tópicos para pelo menos orientar sua agenda:
O momento “FULL”. Já estivemos no momento “OMNI”, no momento “mídia programática”, o momento “meios de pagamento”. Todas continuam sendo ofertas fortes e presentes com muitas opções, mas a palavra de ordem do momento é “FULL”. Full pode ser traduzido como cheio, mas também como completo, integral, inteiro, total ( https://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/full.html ), e passa a ideia de que você pode resolver todos os problemas numa solução única, integrada, completa. Full commerce, full media, fulfillment, full payment, full management, full tudo. Seus meios de pagamento podem estar todos integrados numa solução só, sua mídia pode ser toda gerida a partir de uma solução só, suas mensagens (a partir de diferentes ferramentas..) podem ser enviadas e acompanhadas a partir de uma solução só. Seus parceiros logísticos, fornecedores, canais, tudo. Seu produto pode ser entregue às mãos de um parceiros que vai fazer literalmente tudo se você quiser: receber, organizar, armazenar, etiquetar, receber os pedidos (pelo seu site, que ele também pode desenvolver e gerir..), fazer o fulfillment entregar e, mesmo, atender remotamente o seu cliente. É só pagar. Funciona? Pode funcionar...custa caro? Depende, quanto é caro? Tudo é uma questão dos recursos e habilidades que sua empresa possuiu, do valor estratégico de sua loja virtual, de quanta energia você quer dedicar a isso e de um monte de outras coisas. Na verdade, a oferta desse momento “full” nada mais é do que uma tentativa de resposta à natural complexidade dessa operação, você deveria estar comprando facilidade e produtividade, integração de possibilidades, mas é preciso ter cuidado, pode ser só um acréscimo de custo, sobreposição de ferramentas, e não trazer o benefício que você pretende. Não tem jeito. Antes de decidir, APROFUNDE-SE.
O novo Mundo Real. O mundo virtual e o material estão cada vez mais próximos, e esse é o novo mundo Real, onde as pessoas acessam as coisas de verdade através das traquitanas digitais, e elas convivem. Em algum momento num passado muito próximo o grande desafio das empresas tradicionais era aprender tecnologia e sua linguagem, hoje (pelo menos para as que se dispuseram a entrar no jogo..)é fazer com que ela funcione em consonância com suas necessidades reais. Gestão de estoques, processos de logística, monitoramento de produtos, fluxo de pessoas e entregas, avaliação de produtos, gestão contábil, financeira e de frente de caixa, avaliação de desempenho, comportamento do consumidor. São dezenas e dezenas de soluções focadas em processos de melhorias ligados à base da pirâmide, tecnologia para integrar o mundo na telinha do smartphone com as suas necessidades verdadeiras, aleluia! A fascinação pelo que acontece na telinha ainda é grande, os esforços para isso também, mas já está entendido que não é só encontrar e vender para o consumidor certo, depois disso tem-se que entregar, e com resultado! O e-commerce cresce dia após dia, ainda num ritmo maior que o do varejo tradicional, mas não é uma substituição, é uma integração, em proporções diferentes para cada negócio, e você precisa entender como deverá ser no seu. APROFUNDE-SE.
Foco no negócio. Como profissional de marketing, mesmo antes de meu momento OMNI, muitas vezes me deparei com o desafio de chamar a atenção para os produtos sob minha responsabilidade, em vária situações, e esse é um ponto que me desperta curiosidade no evento. Explico.Passeando pela feira você vai encontrar empresas de todos os portes em seus respectivos stands. Alguns pequenos, modestos, com seus representantes disponíveis para conversas e apresentações, oferecendo folhetaria (muito papel, muito...). Alguns maiores e bem equipados, outros sensacionais, com farta e confortável mobília, oferta de lanches, café, refrigerantes, cerveja, além da folhetaria já mencionada. Uma boa parte faz distribuição de brindes, a maioria muito tradicionais, capazes de se encontrar tanto lá como numa feira de porcas e parafusos, ração para animais, utensílios domésticos. Copos, canetas, bloquinhos de anotação.....outros, produtos com algum acréscimo de tecnologia (??), como canecas e garrafas de refrigerante personalizadas, e uma parte surpreendente com alguma atividade formando enormes filas para participar de algum tipo de entretenimento ou jogo. Eletrônico, digital? Na sua maioria não. Roletas, adivinhações, pescaria de guindaste (aquelas de parque de diversão, pegando ursinhos..), tiro ao alvo, marretas (??) daquelas de medir força, e longas filas de todo tipo de gente em troca de um cadastro simples, e um brinde como prêmio. Tenho curiosidade para ver os mailings captados por uma determinada empresa de tecnologia gigante do mercado, que convidava o público para entrar numa cabine de vento (???) para pegar um dos bilhetes esvoaçantes em troca de um brinde. Todas as recepcionistas contratadas para atender ao stand de um dos meus clientes se revezavam nessas filas, dando prioridade para as de prêmios mais vultosos. Eram, vários. Uma delas levou um notebook (que qualquer um de nós desejaria muito ganhar) para casa. Ela merece, trabalhou muito mas, para a empresa, valeu a pena? Deixei de entrar em alguns destes stands por não querer ser assediado por alguém recém contratado e pouco informado sobre coisas que eu gostaria muito de saber melhor, e por absoluta falta de disposição em brigar por um lugar com a turma de caça-brindes. Se for expor, pense se essa é uma estratégia que vale a pena. Se for visitar, e mandar seus funcionários, peça critério. O ingresso é caro. APROFUNDE-SE.
Programe-se. A oferta de palestras e bate-papos é farta, e a programação previamente conhecida. Vale a pena olhar e se organizar com antecedência, se deixar pra decidir na hora você vai se perder. A feira é grande, e as palestras se sobrepõe. Se você é novo na coisa, privilegie as apresentações de profissionais de empresa já em operação, negócios similares aos seu, e que vão dar uma visão prática desse mundo. Provavelmente elas já enfrentaram problemas que você ainda vai conhecer. Se já está iniciado, mescle isso com algumas palestras mais técnicas, e que tenham chance de elucidar pontos que te desafiam no seu negócio. Se já está no jogo faz tempo, desafie-se um pouco mais, inspire-se. Ouça os líderes, mesmo que de outros segmentos. Normalmente eles tem a disposição de apresentar um histórico mais relacionado a estratégia e menos a detalhes técnicos, e isso a essa altura deve te ser útil. Absorva novas visões, compreenda como se dão as trajetórias de sucesso, proponha-se a aprender mais, amplie-se, e APROFUNDE-SE.
Escolha bons parceiros. A trajetória é longa, o caminho tortuoso, escolha bem quem você vai ter como companhia. Resista ao apelo dos brindes e dos stands sensacionais se neles não houver alguém disposto a te ouvir, e não só falar. Tecnologia é uma coisa que se multiplica e se transmite com muita facilidade nos dias de hoje, compra-se quando necessário, o importante é ter gente que te ajude a entender o mercado, e as suas necessidades. Desenvolva relacionamentos com parceiros que demonstrem interesse verdadeiro pelo seu negócio. Ninguém vai ter 100% do tempo para você na feira, mas se você não conseguir a atenção de alguém bom ali, será que conseguirá ao longo de sua jornada? A capacidade de encantamento de algumas empresas para captação de novos prospects é proporcional a disposição de colocá-lo numa lista imensa de espera depois que você se converter num cliente. Tente saber um pouco mais de cada um deles, não se deixe impressionar pela boa apresentação, pelo café quente e pelo sorriso treinado. Dá trabalho, mas é o seu negócio. APROFUNDE-SE.
No mais, é escolher um par de sapatos e roupas confortáveis, anotar tudo o que te interessar, recolher a folhetaria importante (sim, muito papel numa feira digital...) e aproveite a oportunidade. Vale a pena, é uma reunião de conhecimento e informação como poucas vezes você vai ter a oportunidade de ver. Por fim, não tome as decisões sozinho. Invista em pessoas que podem ajudar a construir esse caminho. Boas decisões no começo vão economizar tempo, dinheiro e evitar aborrecimentos.
Boa semana pra você, e fique a vontade para entrar em contato e saber mais sobre negócios da Nova Economia.
Um abraço,
Ricardo Daumas
Solu9.com
daumas@solu9.com.br



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