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A Geração "sopa de letrinhas"

  • Foto do escritor: Ricardo Daumas
    Ricardo Daumas
  • 13 de abr. de 2018
  • 5 min de leitura

“As novidades em tecnologia, o ambiente e o adensamento populacional moldam as tendências de comportamento coletivo, cada vez mais rápido. Como manter o seu negócio saudável e competitivo neste cenário?”

Ricardo Daumas, diretor executivo da SOLU9.com

Certamente você já ouviu falar nos “milleniuns”, e talvez nutra alguma antipatia por eles, pois são frequentemente associados na mídia por jovens de comportamento frívolo, fascinados por tecnologia, mimados e cheios de discursos politicamente corretos. Não é isso. Da mesma forma como em algum momento você acreditou que uma geração inteira de homens foi denominada “metrossexual” por cuidados excessivos com tratos e beleza pessoal. Esqueça, não é isso também. A mídia, no seu afã de buscar pautas “novidadeiras”, as vezes comete esse desserviço à humanidade, e trata com superficialidade e diria até vulgaridade, temas que nos seriam mais úteis.

Entender o Comportamento Coletivo: base do sucesso

Essas denominações são lançadas, quando de bom proveito, por observadores do comportamento humano conectados não apenas à pessoas, mas com as mudanças sociais que as impactaram, o que inclui a evolução da vida num planeta administrado por essas mesmas pessoas, e as que as antecederam e que as vão suceder. Quando bem-feitas, são material de qualidade para o planejamento dos nossos negócios, principalmente para entender os interesses do consumidor na raiz.

É fácil assimilar isso quando tomamos como exemplo a origem e ampliação do conceito de “Metrossexual”. Eles (nós !) viraram matéria alegre de programas Populares de TV, blogs, revistas e jornais da época (que foi mais ou menos na virada do século..), e ainda são referência de homens vaidosos e com cuidados especiais de comportamento e estética, entendidos em assunto de moda etc. A origem disso na verdade é muito mais rica, interessante, séria e para nós, pessoas de negócios digitais ou não, proveitosa. Os metrossexuals são resultado da mulher (sempre...), e do seu movimento de expansão de direitos e emancipação. As mulheres tornaram-se mais independentes, e indispostas a cuidar de nós, marmanjos. Passaram a disputar espaço no mercado de trabalho e com isso convocaram compulsoriamente os casados a ter que dividir as tarefas do lar, e os solteiros a assumi-las integralmente. Com isso, o mercado teve que se adaptar a atender homens em novas demandas. Quem como eu já passou dos 50 (pouco..., mas passei) lembra-se de um tempo em que era um desconforto um homem ter que comprar, por exemplo, a sua própria roupa de cama. Alguns ainda hoje tem pouca familiaridade com a solução de questões de decoração, produtos de beleza (sim, e não se trata apenas de creme de barba e shampoo..), compras de supermercado, utensílios domésticos etc. Mas o mercado, ainda que de maneira inconsciente, deu sua solução. O crescimento do auto serviço e do e-commerce ajudou os menos afeitos às novas responsabilidades, mas o fato é que hoje (maneira de dizer, já faz tempo) a indústria de consumo, serviços e varejo tem um novo público para atender, ávido por ofertas mais afeitas à sua realidade, comodidade e desejos. É o homem moderno, que não está encapsulado numa geração, atravessa várias. O homem vaidoso, esse sempre existiu, é só resgatar alguns na sua memória.

Os Millenials, e os Perennials !

Da mesma forma se deu com os millenials, uma geração que foi educada digitalmente, num mundo que já apresenta sinais de falência por escassez de quase qualquer coisa. O ambiente digital lhes proporcionou esse mundo ágil, etéreo, e com desafios diferentes dos seus pais e avós. Ao invés de lutar pela sobrevivência, eles lutam por atenção, num mundo com excesso de informação sobre tudo, e aprofundamento sobre quase nada. Os pais são da geração X, ou até baby bommers, educados à lápis apontados nos bancos de uma escola 100% analógica. Vieram ter contato com a cultura digital jovens adultos, ou já maduros. Vivenciam como podem a todas as mudanças de conceitos que a nova sociedade lhes impõe, como valores e necessidades completamente renovados. Esses sim têm que se virar, e os filhos (Y- millenials) acabam educados pelo Google, Facebook e Youtube. O meio de comunicação mais formal e material que conhecem é o WhatsApp, e mail para eles é coisa de gente beeem velha. Tudo muito rápido e efêmero, bombardeando ideias novas que precisam ser assimiladas e logo esquecidas, porque amanhã chega uma mais nova. Não tem jeito, ficam mal-acostumados mesmo, e com referências de um mundo que nem sempre é o real, mas o ideal, o projetado. Não obstante, se preocupam com as pessoas e com o ambiente, mas dependem de seu grupo se preocupar também. É assim que funciona...

Pensa que terminou? Pois é, temos agora os Perennials. Ele é um mix de todas as coisas anteriores, logo, não tem idade. É antenado também, conectado, socialmente responsável, preocupa-se com o ambiente e, acima de qualquer outra coisa, está incomodado com a superficialidade e efemeridade dessas coisas que produzimos e vivenciamos hoje. Ele é ciente das dificuldades e responsável com relação a elas, compartilha dos objetivos de seu grupo e da sua empresa, mas quer qualidade de vida, para ver a vida, vivenciá-la, e não apenas fotografá-la, para exibir nas redes sociais. Pois é....

Compreender e, mais que isso, assimilar essas tendências de comportamento, macro tendências, universais tendências, é vital para o êxito de nossos negócios, digitais ou não. Seu consumidor de hoje quer um produto bom, sempre, com bom preço e comodidade, mas ele vai optar por você se, além de competitivo, você for responsável social e ambientalmente, e atento às suas demandas. Talvez ele até entenda um dia a mais de prazo para receber o seu produto em casa e aceite isso, se você explicar pra ele que os meios que você utiliza para as entregas poluem menos, emitem menos carbono, usam menos embalagens e empregam pessoas das comunidades locais. Mas você tem que falar com ele, mostrar isso a ele. Ele quer diálogo, e quer participar disso, cada vez mais.

Mas será ??

A essa altura você está torcendo a boca ou coçando o queixo: “Será?”. Não se engane, mas não pense também que ele vai recusar uma oferta comercialmente atraente. O momento é de transição de valores, e comportamentos, mas transforma-se também o conceito de competitividade, novas variáveis entraram na pauta. No mercado Norte Americano de foodservice (onde se mede isso muito bem...) por exemplo, as redes que mais crescem (2 , 3 dígitos ao ano) são as que incluíram nas suas ofertas produtos de origem comprovadamente saudável, serviços combinando (equanimemente) conforto e agilidade e políticas inclusivas e socialmente responsáveis em geral. As demais, brigam para pelo menos acompanhar o crescimento na economia. Algumas não estão conseguindo. É um movimento natural de uma parte cada vez maior da população, e aumenta na medida em que a qualidade de vida em geral também evolui, sem engajamento, sem palavras de ordem, sem bandeiras.

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Fique atento, as movimentações são rápidas e as respostas consistentes. O comportamento das pessoas muda, seus interesses, necessidades e desejos evoluem. Fale com eles, e evolua você também, levando junto a sua empresa.

Boa semana pra vocês pessoal !

Ricardo Daumas

daumas@solu9.com.br

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