Você vai na Bléqui Fráidei hoje ?
- Ricardo Daumas
- 29 de nov. de 2017
- 3 min de leitura

“Nós, como povo, temos uma capacidade inigualável de assimilar novas tecnologias e hábitos, mas será que como gestores e empresários estamos igualmente habilitados a tirar o melhor proveito possível deles ?”
Ricardo Daumas
Diretor Executivo da SOLU9
Sexta passada eu vinha devaneando ao fim da tarde por uma rua vizinha, quando tive meus pensamentos atropelados pelo falatório alegre de um grupo de moças vestindo saias longas, e cabelos idem. Em meio à tagarelice, uma delas perguntou ao grupo:
- Vocês vão na Black Friday Hoje ?
- Onde é ?
- Só se for depois do Culto, primeiro vamos orar...
- Isso...
Acho orar uma recomendação e tanto antes de se aventurar nas ofertas prometidas por aí, mas não foi exatamente por isso que essa conversa roubada pelas esquinas de São Paulo me chamou a atenção. Continuei meu caminho em paz e no sábado, quando tive a oportunidade de ir ao Shopping com minha filha, acompanhados da moça que me ajuda a cuidar dela, a sensação se consolidou. Muito esperta, atenta, mas muito simples, mãe de família e lutadora, a moça estava encantada com os cartazes promovendo as ofertas da Black Friday, querendo saber até quando ia, se perduraria até o Natal, na opinião dela deveria .....lógico. A certeza de que se tratava de uma grande oportunidade era total, mas era evidente que ela ainda não sabia bem como aquilo funcionava. Temos oportunidades de melhorias aí comunicadores.....
São duas experiências isoladas, lógico, mas é só uma ilustração do que os números dizem e a mídia replica. A Black Friday é nossa. Ponto. Ainda que não tenha representado um crescimento tão expressivo para o varejo quanto no ano passado, (4,9% contra 11% da mesma semana de 2016 segundo o indicador da SERASA Experian), ela aconteceu, e aconteceu exatamente por ter sido assimilada pelo grande publico, ter passado a fazer parte do calendário de eventos de todo varejista, e consequentemente da indústria e com isso fazer aquele bom rebuliço na economia, e nos planejamentos empoeirados da qualquer um em qualquer segmento.
A Black Friday de cada um
O desafio agora é entender como usar bem este novo (e já consolidado..) evento. Parar de discutir a qualidade das ofertas (isso é indiscutível, elas tem que ser boas...) e discutir a pertinência do evento para os seus negócios. Não vamos dar solução para isso agora, os casos merecem ser avaliados individualmente, mas cada segmento tem a sua melhor aplicação para isso, considerando que é um momento de total atenção e propensão de consumo por parte do público, uma ampliação de oportunidade quase sem precedentes, e que em alguns segmentos já pode se equiparar à representatividade do Natal em termos de vendas. Isso em alguns casos pode ser um risco, em outros uma oportunidade. É uma excelente momento para apresentar um novo produto ou serviço, uma nova linha, renovar estoques, testar canais, ampliar sua base de relacionamento ou, se for o caso, antecipar suas vendas do natal.
Tem oportunidade para quase tudo, o importante é conseguir avaliar com critério a necessidade e o momento de cada um. Não há dúvida de quê, usando uma proposta que não foi criada pensando em nossa dinâmica Tupi, temos que cá fazer nossas adaptações, mas nossa natureza antropofágica é insuperável, e já transformou o evento no sucesso que testemunhamos. O ideal é que, a exemplo do que por muito tempo ocorreu nos EUA, o evento servisse não apenas para movimentar a economia mas também para renovar de maneira saudável os estoques dos grandes varejistas, com ofertas realmente boas, e deixasse espaço para que os lançamentos de fato impactantes, novos e surpreendentes, com preços cheios, fizessem a alegria de vendedores e consumidores nas vendas do Natal, mas nem mesmo lá isso tem sido possível todos os anos. Com a economia menos vigorosa dos anos anteriores, eles já abriram discussões para encontrar soluções setoriais na tentativa de minimizar os eventuais impactos negativos das vendas da Black Friday no Natal. Tomara que consigamos atingir esse nível de mobilização um dia também.
Em tempos de economia saudável porém esse roteiro funcionou muito bem. Hoje, fazemos o que podemos, a única coisa que não vale é não fazer, ficar de fora, pois o consumidor está dentro. Empresas, agências e compradores “profissionais” ficam em estado de alerta nesta semana que antecede a tal “sexta negra”, que acaba se convertendo em uma semana de ofertas depois de 24 horas de euforia. Perder ou aproveitar mal isso pode significar perder o último boom de promoção do ano, e o impacto das vendas no natal pode ser grande. Não dá para arriscar, então não tem jeito. Familiarize-se, se entregue, a “Black Friday é nóis véio !”
Boa semana Pessoal, e se quiser falar mais sobre a Black Friday e integração de canais de varejo, estaremos à disposição.
Um abraço,
Ricardo Daumas
Diretor Executivo
www.solu9.com



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